terça-feira, 5 de agosto de 2008

A "Peste Negra" da Modernidade

A história do petróleo podia ser publicada sob o nome de “Peste Negra”, à excepção da Noruega, uma democracia pós moderna que criou um fundo para as próximas gerações alimentado pelas recitas petrolíferas, os habitantes de todos os outros países exportadores parecem amaldiçoados pela sua própria riqueza.
A mobilidade dos automóveis está por um fio e ameaça ficar presa nas mangueiras das estações de serviço. Aníbal Cavaco Silva pôs o dedo na ferida: a crise não chegou, ainda vem a caminha e vai bater forte. Portugal sem Petróleo? Agora, multiplicam-se os sinais de uma crise eminente, mas muito pior. Com o Irão – segundas maiores reservas de petróleo do Mundo – sob fogo cerrado diplomático, o berbicacho ainda está pior.

Em 1973, quando a Arábia Saudita desferiu o seu primeiro golpe e fechou as torneiras, as economias mundiais registaram, boquiabertas, a sua vulnerabilidade.
Em Julho do ano passado, a Agencia Internacional para a Energia anunciava que 2012 ia ser um ano crítico.
Ao contrário de um tremor de terra, que não se faz anunciar mas tem réplicas, “as crises do petróleo” anteriores foram prenúncios do que ainda está para vir: o grande abalo que, mais cedo ou mais tarde, vai fazer tremer o sistema económico e um estilo de vida alimentado e dependentes de petróleo.
No Texas, morreu-se e matou-se durante décadas por terras com potencial para os famosos pumpjacks a bombear petróleo. Nos últimos estertores da Rússia Czarista e nos primeiros anos de URSS, Estaline aterrorizava e extorquia fortunas às famílias dos milionários com concessões de petróleo em Baku. Mais recentemente foi a alta do preço do “ouro negro” que permitiu à Rússia pagar a elevada factura da divida externa que esta tinha acumulada de décadas (…) hoje os moscovitas são os melhores clientes da Bentley e Ferrari, e até os famosos ovos da Fabergé já voltaram à Mãe Rússia. Os ovos dão de ouros mas a galinha que os põe é o petróleo.

A lista dos doze maiores exportadores de petróleo do mundo é liderada pela Arábia Saudita, regime fundamentalista medieval; Rússia, cada vez mais autocrática e liderada pelo um grupo de ex- KGB; o Irão, à beira de um conflito armado; EAU; Kuwait; e a opereta presidência de Hugo Chávez na Venezuela.

Esta crise, para alguns é uma visão do Apocalipse, para outros é o começo da era verde com desertos a florir por todo o planeta.
No inicio de 1999, com o preço do petróleo a oito dólares o ministro saudita xeque Yamani previu uma queda duradoura do petróleo a partir de 2005, seguida de um crash permanente por quebra da procura. Depois do carvão e da madeira ia chegar a vez do ouro negro ser substituído por outra fonte energética. A galopante perda de valor desta met´ria explicava-se pela aposta nas renováveis e na emergente tecnologia Fuel.cell que iria mover carros e economias a partir do hidrogénio. Contudo os visionários não previram a subida meteórica do peço do petróleo e em 2008 atingiu máximos históricos e ameaça derrubar com a sustentabilidade das economias ocidentais.

O aumento acabou por ganhar uma dinâmica própria, alimentada pela procura, especulação, consciência da escassez e pânico dos investidores. Desde 1999 o preço do barril quase que aumentou 1700%. Se houver uma importante descoberta na forma de produção de hidrogénio, muitos economistas e o xeque Yamani poderão vir a ter razão. Nesse caso o petróleo não acabará, simplesmente será posto de lado. Mas se nos próximos anos a tendência se mantém, em 2017 o preço do barril chegará aos mil dólares e aí o caos e pânico serão a nova ordem mundial. –“ o fim aproxima-se”



1 comentário:

Helder Antunes disse...

epah... ate estava a curtir do texto, bem fundamentado e tal, mas a última parte parece retirado do apocalipse.

o petróleo nao vai chegar aos valores a enuciaste, porque efectivamente vai ser posto de lado e segundo a lei da oferta e da procura, com a diminuição da procura, o preço vai baixar...